quarta-feira, maio 18, 2005

Escolhas de uma vida

ESCOLHAS DE UMA VIDA Martha Medeiros
A certa altura do filme Crimes e Pecados, o personagem
interpretado por Woody Allen diz: "Nós somos a soma
das nossas decisões". Essa frase acomodou-se na minha
massa cinzenta e de lá nunca mais saiu.
Compartilho do ceticismo de Allen: a gente é o que a
gente escolhe ser, o destino pouco tem a ver com isso.
Desde pequenos aprendemos que, ao fazer uma opção,
estamos descartando outra, e de opção em opção vamos
tecendo essa teia que se convencionou chamar "minha
vida".
Não é tarefa fácil. No momento em que se escolhe ser
médico, se está abrindo mão de ser piloto de avião. Ao
optar pela vida de atriz, será quase impossível
conciliar com a arquitetura. Se é a psicologia que se
almeja, pouco tempo sobrará para fazer o curso de
odontologia. Não se pode ter tudo.
No amor, a mesma coisa: namora-se um, outro, e mais
outro, num excitante vaivém de romances. Até que chega
um momento em que é preciso decidir entre passar o
resto da vida sem compromisso formal com alguém,
apenas vivenciando amores e deixando-os ir embora
quando se findam, ou casar, e através do casamento
fundar uma microempresa, com direito a casa própria,
orçamento doméstico e responsabilidades. As duas
opções têm seus prós e contras: viver sem laços e
viver com laços. Escolha.
Morar em Londres ou numa chácara? Ter filhos ou não?
Posar nua ou ralar atrás de um balcão? Correr de kart
ou entrar para um convento? Fumar e beber até cair ou
virar vegetariano e budista? Todas as alternativas são
válidas,mas há um preço a pagar por elas.
Quem dera pudéssemos ser uma pessoa diferente a cada 6
meses, ser casados de segunda a sexta e solteiros nos
finais de semana, ter filhos quando se está
bem-disposto e não tê-los quando se está cansado,
viver de poesia e dormir em hotel 5 estrelas. No way.
Por isso é tão importante o auto-conhecimento. Por
isso é necessário ler muito, ouvir os outros, estagiar
em várias tribos, prestar atenção ao que acontece em
volta e não cultivar preconceitos. Nossas escolhas não
podem ser apenas intuitivas, elas têm que refletir o
que a gente é. Lógico que se deve reavaliar decisões e
trocar de caminho: ninguém é o mesmo para sempre. Mas
não para anular a vivência do caminho anteriormente
percorrido. A estrada é longa e o tempo é curto.
Quanto menos a gente errar, melhor.

sexta-feira, maio 13, 2005

A Deus

Eu sentei aqui com a intenção de escrever um texto que falasse sobre a fragilidade da vida, depois pensei em escrever sobre o destino e o acaso, mais tarde pensei em descrever o viver e o morrer, mas a verdade é uma só: Tenho um grande amigo, que sofreu um PUTA acidente de carro. O cara tem 30 anos, não bebe, não fuma, frequênta a igreja todos os domingos, é um filho amoroso, estuda história, trabalha duro, ajuda a família e está neste exato momento numa sala fria de U.T.I., ao lado do causador do seu 'acidente'. O meu amigo não tem sequer um único osso que não tenha sido fraturado. Ele está 'moído', num coma induzido e eu fico SINCERAMENTE pensando: Seria melhor ele viver ou morrer? Passei o dia me sentindo um cocô. Não consegui sequer chorar. À noite tive que ir prá rua, quis ver gente, quis buscar vida. Não consegui rezar, na verdade tô puta com O Todo Poderoso. Tô ao mesmo tempo, consciente e muito frustrada com toda a minha impotência. Não sei como ou quando essa história vai acabar, mas hoje eu preciso de uma mão, abraçando a minha mão e me fazendo esquecer qualquer fraqueza...

segunda-feira, maio 09, 2005

A fila anda

Na última semana, passei por alguns dias onde as palavras foram essenciais. O poder de argumentação se reduz à nada, quando não temos as palavras como aliadas. Fiquei feliz por perceber o quanto aprendi à me colocar, à me defender e à não deixar para amanhã o que eu precisava resolver agora. Depois de muitas conversas, explicações, argumentações, falei tudo aquilo que queria, de forma tão clara, que no outro dia já colhi os benefícios da tal 'conversa de adultos civilizados'.
E como diz o ditado: "A fila anda!". Pois é, a minha está andando como nunca. Conheci em Paulista fofo, e vivemos um final de semana pra lá de bacana...

quarta-feira, maio 04, 2005

Des Atualização

Hoje li o blog de um amigo, que está num clima saudosista... Acho que fui picada pelo bichinho da saudades também. É bom que vocês que eu amo, e que têm consciência desse amor, nunca se esqueçam que moram no meu coração, nos meus pensamentos e nos meus sonhos... Gostaria de dividir cada alegria com vocês, cada momento peculiar. Mas ao invés disso, divido o meu passado. Toda notícia que lhes chega é sempre a penúltima. Minha vida é como a edição de um jornal, que quando vai para as bancas já está obsoleto. É claro, que independente de tudo isso, as amizades são feitas para dividir, seja lá o que for. Por isso, me sinto à vontade para dividir um pouco da minha 'desatualizada' versão de vida com vocês, aqui neste espaço...

terça-feira, maio 03, 2005

Mais um trecho

"...O meu comportamento egoísta e o seu temperamento difícil... "

Trechos jovens

Quando minha irmã era pequena, ela inventou a "Trechos jovens", uma rádio que só funcionava aos fins de semana, no carro dos meus pais, quando estávamos viajando. O nome da rádio se deve ao fato da rádio só tocar o refrão das músicas.
Atualmente, a minha vida daria uma interessante programação para a rádio. Hoje por exemplo, tocaria a esta música: "...Roda mundo. Roda gigante. Roda moinho. Roda peão. O tempo rodou num instante, nas voltas do meu coração...". Na última sexta-feira, o trecho seria: "...Mais fácil aprender japonês em braile, do que você decidir se dá ou não...". Espero que amanhã o trecho do dia seja: "... Eu quero te olhar de um lugar diferente. Eu quero a chave. A chave da porta da frente. Eu quero agora. E eu quero prá sempre...". Porém, desejo do fundo do coração que o "trecho jovem" da minha vida, seja a música, ou melhor, o questionamento proposto por João Bosco: "Quem pode querer ser feliz, se não for por amor?!..."

Música

"... Quem pode querer ser feliz se não for por amor?..." (João Bosco)